Admirar a Lua

Desejamos estar só, até quando? Até que pulemos em nossas realidades?
Ao olhar a lua cintilante esta noite.
Pensei que pudesse voar...
Quase me atiro num abismo eterno.
Talvez não fosse o fim, sempre fui exagerado.
Não agora, não abaixe o som.

Mergulhei mesmo assim, no raso.
Para ver a temperatura deste pensamento.
Medindo cada parte dele, percebi que...
...Que mesmo que a lua não fizesse parte de meu sonho.
Ainda assim estaria dormindo esperando ser despertado.

Espero com calma...
Não, tudo menos calma.
Estou por um triz, sentindo a alma ser dilacerada.
E isso que ainda não acordei.
Será mesmo que a vida nos leva?

É assim que eu vejo tudo.
Da forma mais pessimista possível...
Mas com quem falo?!
Achei que estivesse só.
Pode sair daqui?

Então novamente Lua.
É você que deseja que eu pule?
Pularei então de cabeça
Para o eterno vácuo.
Sem som, sem pensamento, sem vida!

Gosto da ideia de estar só.
Vendo filme.
Mas alguém vai me ver sorrir assim?
Alguém vai me ver cair e me ajudar a levantar?
Infelizmente não posso lhe ajudar Lua.
Tenho de encontrar aquele outro caminho do qual você me desvia.

Confissão estou fazendo.
Para os que entendem sobre meu sofrimento.
Do que estou vivendo, só quero levar minha própria alma.
Que esta sim, em risco, grande risco.
Risco de ser confundida com a de outro eu.

Mas ainda assim...
Não paro de olhar a Lua.
Será que não sei o que quero, ou será que estou vendo algo a mais.
Talvez não seja nada disso.
Talvez a hora esteja passando.
Tantos talvez.

Poder então se reerguer.
Mas ainda nem terminei de cair.
Muitos dizem para que eu me levante.
Mas se nem terminei de cair ainda, o único jeito é voar.
Até poderia se meu pensamento não estivesse na Lua.

Quem de vocês se atreverá a me tirar dessa doce confusão.
Doce sim, pois meus pensamentos ecoam, parecendo a Lua me escutar.
Escutando minha liberdade momentânea.
Escutando meu ser vivo.
Quem mesmo?!

Mesmo que eu fosse para a Lua.
Ia querer um instrumento que fizesse ver o meu ser.
Vendo e admirando a Lua.
Talvez assim, admirando a própria admiração.
Fosse eu completo em complexidade.

Para que a Lua veja.
Que sem ela, não sou eu.
Que sem ela, quem sou?
Afinal, aqui... Quem é a Lua?